Um dia desses, na casa da minha mãe, pedi a ela a caixa de fotos que há tempos não via. Ao invés de buscar por memórias de forma aleatória, como geralmente faço, desta vez, minha procura era premeditada: rever o avô Francisco. Pai da minha mãe, o avô Chico viveu muitas aventuras nessa vida.

Desde sua ida na força expedicionária, que representou a modesta participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, até o rompimento de um noivado, para se casar com o verdadeiro amor de sua vida. Dava para escrever um roteiro de série com as tantas histórias que me fizeram conhecer o avô que, infelizmente, faleceu bem antes que eu pensasse em vir ao mundo.

Sempre imaginei como teria sido ouvir essas tantas histórias através dele. Mas, de alguma forma, enquanto as ouvia da minha mãe, junto às imagens que ilustravam as narrativas, podia imaginá-lo as contando.

Os álbuns de fotos sempre tiveram um papel importante na construção da minha memória afetiva. Cansei de ver e rever aqueles registros que revelavam o jeito de se vestir, a casa, os objetos. De alguma forma devorava tudo que pudesse me dar pistas de como era a vida naquele tempo.

Faço parte de uma geração que ainda teve o gostinho de crescer pensando muito bem nas fotos a serem feitas para não gastar filme à toa. E quando o rolinho terminava, lá se iam uns 10 dias para descobrir se as fotos tinham dado certo ou, se por descuido, o filme todo tinha se queimado.

Apesar da nostalgia de tempos menos imediatistas, não nego as vantagens e novas possibilidades que a tecnologia nos trouxe. Hoje, cada um de nós pode carregar uma câmera de alta qualidade dentro do bolso.

Mas, por maiores que sejam os avanços, nenhum cartão de memória ou nuvem substituirá o bom e velho álbum de família. Ter o álbum em mãos envolve uma verdadeira experiência sensorial. É como pegar aquele livro favorito, sentir seu peso, tocar sua capa, perceber o perfume de suas páginas novas ou antigas.

Por isso, faço campanha para que não deixem suas fotos perdidas por aí. Imprima com qualidade e guarde com carinho, por gerações, as memórias da sua família!