
Se você ainda não sabe, testemunhar nascimentos é uma das minhas grandes paixões na fotografia. Há algum tempo penso em fazer esse post para esclarecer algumas dúvidas (que também já foram as minhas dúvidas), sobre um tema que percebo ainda fazer confusão para muitas pessoas: o Parto Humanizado.
Ao contrário do que pode parecer, ao falarmos de Parto Humanizado não estamos falando de determinado tipo de parto, ou uma tendência. O Parto Humanizado não deve, ou pelo menos não deveria, ser considerado um “modismo”, mas sim o default de qualquer parto, independentemente de ser normal, natural ou cesárea.
Falamos e refletimos tanto sobre o que podemos fazer para um mundo melhor, mais acolhedor e uma sociedade mais empática. Então, por que não começarmos pelo começo?
Como podemos esperar um mundo melhor, quando muitas vezes a “humanidade” não se faz presente justamente no processo de chegada de um novo ser a esse planeta?
Meu propósito aqui é conscientizar nossas amigas, irmãs, primas, filhas, companheiras, colegas de trabalho, da importância de conscientização, da busca pela informação, e de que o processo de parto não deve ser (mais uma vez, independentemente do tipo de parto escolhido) mecanizado e padronizado. Cada mulher, cada gestação, cada família é única. E não podemos esperar menos do que aquilo que lhe é um direito primordial, o respeito.
Para esclarecer as principais dúvidas sobre o tema, convidei a médica obstetra Dra. Erika Narimatsu, que realiza um trabalho incrível de humanização no parto (e de quem sou fã!). Para ilustrar o post algumas das fotos são de um parto realizado por ela, o qual tive a honra de documentar!
Erika, para mim é até estranho, que ao falarmos sobre a chegada de uma vida, tenhamos de falar da humanidade como um processo de ressignificação do parto, algo que deveria ser natural e não uma “moda”. Afinal, o que torna um parto humanizado?
É verdade Pri. É que por anos se usou o modelo de parto tradicional, ou paternalista, em que a parturiente não tinha tanta compreensão sobre o assunto, e nem participava das decisões do seu parto. O médico é quem tomava as decisões e muitas intervenções feitas, às vezes, eram desnecessárias.
O que torna um parto humanizado é justamente ter um parto respeitoso e onde a paciente participa ativamente de tudo, dando direito ao conhecimento e à escolha de decisões .
No parto humanizado procuramos realizar um parto com menos intervenções possíveis, menos medicamentos, em um ambiente mais acolhedor (com menos cara de hospital), mas ainda assim seguro para ela e para seu bebê e no qual a gestante atua ativamente no trabalho de parto, como protagonista! Importante também é ter uma rede de apoio ao seu lado, dando suporte a ela. Pode ser um cuidador (familiar, cônjuge, amiga…) e uma doula, ou enfermeira obstetriz, que atuam nesse acolhimento emocional da gestante.
Dra. Erika Narimatsu e equipe | Maternidade Albert Einstein – São Paulo, SP
Existe o mito em relação aos partos humanizados, como sendo exclusivos a partos normais ou naturais. Todo parto normal é humanizado? Uma cesárea pode ser feita dentro dessa abordagem?
Quando falamos de parto humanizado não estamos falando sobre a via de parto e sim sobre respeitar essa gestante, dar a ela o direito à informação e liberdade para fazer escolhas. Ela pode ter um parto normal ou cesárea respeitando sempre o protagonismo dessa mulher com amor e humanização.
Dra. Silvia Herrera e equipe | Maternidade São Luiz Itaim – São Paulo, SP
Considerando o parto normal, a mulher tem direito à anestesia no parto humanizado?
O parto humanizado tem como prática menos intervenção possível. Então muitas mulheres desejam o parto normal sem a analgesia de parto (que é a anestesia peridural continua). Mas, respeitando o limiar de dor da cada mulher, a analgesia de parto, sendo bem feita, pode ser realizada, tornando o parto normal possível com o benefício do alívio da dor intensa, quando as formas não farmacológicas de alívio da dor não estão mais ajudando.
Dra. Erika Narimatsu e equipe | Maternidade Albert Einstein – São Paulo, SP
Maternidade Albert Einstein – São Paulo, SP
Apesar de desejarem um parto humanizado, muitas gestantes se frustram com a forma como este é conduzido, por desconhecerem os seus direitos e a melhor forma de abordar o tema. Quais seriam as suas dicas para a mulher que deseja ter seu parto dentro dessas diretrizes?
Minha dica é que pesquisem, leiam, se informem bastante sobre o parto humanizado e que levem esse assunto ao seu obstetra nas consultas de pré-natal para saber se ele é, ou não, adepto a esse tipo de parto. Até porque muitas dúvidas surgem durante a gravidez e nem tudo o que se lê na internet é real. Então quanto mais informada sobre o assunto, mais fácil será decidir sobre qual obstetra você confia para aquele momento.
Parto | A chegada do Bernardo – Maternidade Albert Einstein – São Paulo, SP